Tuesday, February 26, 2008

acerca da impossibilidade em escaparmos a nós próprios

Um mercador de Bagdad manda o seu escravo ao mercado comprar comida. Pouco tempo depois, o escravo regressa muito pálido, a tremer e muito assustado e diz ao seu senhor que no mercado foi interpelado por uma mulher, que reconheceu como sendo a morte, e que ela lhe tinha feito um gesto ameaçador.

Pede então ao seu senhor o cavalo mais veloz para fugir da morte para Samarra onde, acredita, a morte não o irá encontrar.
Como sempre tinha sido um escravo dedicado e leal, o senhor dá-lhe o seu cavalo mais veloz e ele parte.

O mercador dirige-se ao mercado e, para seu espanto, encontra a morte e pergunta-lhe: "Porque razão assustaste o meu escravo? Ele que sempre foi tão fiel e dedicado." A morte, igualmente espantada, responde: "Não era um gesto de ameaça, foi uma expressão de espanto. Fiquei atónita por vê-lo em Bagdad, pois tinha marcado um encontro com ele esta noite em Samarra."


cf. John O'Hara, Appointment in Samarra, 1934
Somerset Maugham
Existem outras versões deste conto: Jacques Deval, Ce soir à Samarconde, Acte 1

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